terça-feira, 25 de maio de 2010

Do poeta da Arrábida à Poetisa do Alentejo


Florbela

(em sua memória)


Sou eu, Florbela! Aquele que buscaste.

Falam de mim Teus versos de Menina.

Tua boca p'ra mim se abriu, divina,

mas foi só o Luar que Tu beijaste.



Hás-de voltar, Florbela!… Em débil haste,

por entre os trigos cresce, purpurina,

a mais fresca papoila da campina

que, só por me veres, não cortaste.



Eu tenho três mil anos: sou Poeta.

Surgi dos lábios secos dum asceta,

de uma oração que Deus deixou de parte.

Redimi tantos corpos, tantas vidas



neles vivi, que sinto já nascidas

asas com que subir para alcançar-Te

(…)


Arrábida, 6-11-1943

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